



Canavieiras: Pescadores apostam em nova moeda para aumentar a renda
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A partir de 2020, a chamada moex terá cédulas de 0,50, 5 e 10
A cidade de Canavieiras, no litoral sul da Bahia, terá mais uma moeda circulando no comércio local, além do real, a partir de 2020: é a moex, uma moeda criada por pescadores e marisqueiros que vivem na Reserva Extrativista (Resex) de Canavieiras - uma unidade de conservação federal - e que promete gerar mais renda.
A moex segue o modelo de moedas sociais que existem no Brasil desde a criação do Banco Palmas (no Ceará, em 1998), pioneiro no sistema de bancos comunitários no país e autorizado pelo Banco Central do Brasil (BC). Em Canavieiras, a instituição financeira responsável pela moex, cujo valor é equiparado ao do real, é o Bamex, que também tem autorização do BC.
O banco comunitário foi criado pela Associação Mãe da Reserva Extrativista de Canavieiras (Amex), em parceria com a Universidade Federal da Bahia (Ufba), responsável pelo treinamento de pessoal e impressão de 40 mil cédulas, com os valores de 50 centavos, 5 moex e 10 moex.
A moex será a moeda principal de um empório do pescado e de produtos utilizados na atividade pesqueira, a ser gerido pela Rede de Mulheres (pescadoras e marisqueiras), criada em 2009 para levar mais informações sobre saúde e direitos das mulheres àquelas que sobrevivem da atividade na reserva extrativista.
A ideia é que as mulheres comprem com a moex os pescados e mariscos a preços melhores, para depois serem revendidos em real. Ao mesmo tempo, elas poderão adquirir os produtos da pesca por valores mais em conta e, a partir disso, ter mais renda.
Auxílio
A moeda chega ao mesmo tempo em que os cerca de 2 mil moradores da unidade de conservação colocarão em prática três projetos voltados para comercialização do pescado, ampliação de mercados e estruturação de um empório a ser gerido por mulheres e que servirá para vender pescado e marisco e comprar apetrechos da pesca.
Os projetos, de iniciativa da Amex, foram aprovados em setembro deste ano pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), ligada à Secretaria de Desenvolvimento Rural, do governo da Bahia.
Outros dois projetos, voltados para o beneficiamento e melhoria do pescado e dos mariscos para as cidades de Una e Belmonte (abrangidas pela Amex), também foram aprovados no mesmo pacote – no total, eles receberão investimentos de R$ 1,5 milhão, durante os dois anos do prazo de execução.
Os pescadores de Una e Belmonte também fazem parte da Amex, mas a moeda por enquanto está restrita a Canavieiras. Durante dois anos, a moex circulou no comércio local de forma experimental, até ser retirada de circulação ano passado para melhor estruturação.
Com a moex, os pescadores e marisqueiros de Canavieiras faziam compras em locais credenciados com descontos de até 5% nos produtos, como em farmácias, armazéns, mercearias, dentre outros. E os comerciantes poderiam trocar a moex pelo real ou fazer uso em outro estabelecimento.
Para garantir essa troca, a Amex tem de ter em real no Bamex valor igual ao que está circulando no mercado em moex – na fase inicial, foram R$ 40 mil e hoje a associação está com R$ 12 mil em depósito no banco comunitário.